A infecção do trato urinário (ITU) pode ser definida como a inflamação das vias urinárias que apresenta sintomas associados e presença de bactéria na urina. O cateterismo urinário é um dos procedimentos mais praticados na área da saúde, cerca de 80% das ITU estão associadas ao uso e ao tempo de permanência do cateter. No cateterismo urinário de alívio e intermitente (realizado em intervalos rotineiros), os cateteres são retirados logo após o esvaziamento da bexiga, o que implica menores taxas de ITU. 

No cateterismo urinário de demora os riscos para infecção são maiores e mais significativos após 72 horas de permanência do cateter, o que pode ainda ser agravado pelo trauma do tecido uretral durante a inserção. Vários são os fatores que fazem do cateterismo urinário um importante meio para o desenvolvimento de ITU, como a presença do cateter na uretra, que remove os mecanismos de defesa intrínsecos do paciente, e o balão de retenção do cateter que impossibilita o esvaziamento completo da bexiga e pode ocasionar multiplicação dos microrganismos. O tempo de permanência do cateter foi considerado um dos mais relevantes para o desenvolvimento de ITU. As ITUs surgementre 1 a 2% dos pacientes submetidos ao cateterismo urinário intermitente e entre 10 e 20% dos pacientes submetidos a cateterismo urinário de demora por períodos curtos. O risco da ITU é diretamente proporcional ao tempo de permanência do cateter, aumentando em 2,5% para um dia, 10% para dois ou três dias, 12,2% para quatro ou cinco dias, podendo chegar a 26,9% quando o tempo de permanência do cateter for igual ou maior a seis dias de uso.

A utilização de medidas assépticas como a lavagem das mãos, a inserção do cateter urinário com assepsia, a não desconexão do cateter urinário do coletor, o cuidado com a extensão de saída do coletor de urina, o cuidado em evitar o refluxo de urina da sonda para a bexiga, a ausência de irrigações, a correta indicação do uso do cateter, a utilização do tamanho correto de cateter, a expansão recomendada do balonete, a correta fixação do cateter, são medidas importantes para a prevenção das ITU's.

Com relação a antibióticoterapia, é frequente observar a administração de antibióticos em pacientes que fazem uso de cateter urinário. Estudos prospetivos demonstram que o uso de antibióticos pode adiar mas não prevenir a infecção, e que o seu uso profilático em pacientes que utilizam cateter urinário de demora é justificado somente quando algum procedimento invasivo génito - urinário for realizado, para impedir o risco do desenvolvimento de uma bacteremia e/ou de choque séptico.

Fonte: Rev. Enf. Ref. vol.serIII no.11 Coimbra dez. 2013